Seria impossível ir a Petrópolis agora:
qualquer folha desviaria o rumo da caneta
que nesse instante se balança ao ver as flores
colorindo a beira da estrada.
À cada curva o precipício se desenha mais
e ela se debruça comovida
balbuciando simples palavras confusas:
"Um pássaro morto ainda vive naquela sombra
e aquela sombra é minha memória,
um pássaro vive na morte daquela sombra
e aquela memória é sombra minha."
Eu olho isso se escrever na brancura da minha ciência
enquanto o ônibus faz o retorno para Xerém.
Ela aos poucos volta ao seu estado inanimado
deitada sobre o meu colo e aparada pelas minhas mãos
que carinhosamente calam a voz da loucura.
0 comentários:
Postar um comentário